1º de maio, Dia do Trabalhador, e passo aqui no blog do site para informar que estou de volta à ativa, produzindo muito, e que, em breve, o site vai receber novas publicações. Por enquanto, se você ainda não leu tudo que está disponível por aqui, sugiro uma outra olhada. Haverá algumas mudanças na linha editorial, para tornar o site mais amigável, mais fácil de ler e de encontrar.
Enfim, deixe aqui seu comentário ou mensagem.
Um grande abraço a todos.
Em setembro, quando se comemorou o aniversário da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres (212 anos do sobrado histórico que fica em Itaboraí), tive o prazer de escrever os textos para uma exposição que retratou a família que está na origem desse que é o principal centro cultural da região: a família Alberto Torres. Isso porque o nome público do pai, o jurista e político Alberto (de Seixas Martins) Torres, acabou se tornando sobrenome dos filhos, a se destacar as irmãs Heloísa e Maria Alberto Torres, que doaram a casa e seu acervo de valor inestimável ao IPHAN.
Se o pai, ao longo de duas décadas de vida pública, foi deputado estadual, federal, ministro, governador do Rio de Janeiro e ministro do STF, em uma trajetória meteórica, além de ter sido um fundamental pensador nacionalista no Brasil, suas filhas tiveram uma presença importante nas ciências sociais, em especial Heloísa Alberto Torres, antropóloga, primeira mulher a dirigir o prestigiado Museu Nacional, entre os anos de 1937 e 1955. A irmã mais velha, Maria Alberto Torres, trabalhou ao lado de Heloísa, com sua dedicação e capacidade de organização, além de ter sido pesquisadora na área de genealogia.
Como é possível perceber por este site, contar histórias de vida é algo que me realiza como jornalista e escritor. Os pequenos perfis biográficos que publico são uma tarefa a que me dedico, mesmo quando não há tempo ou condições de fazê-lo. Várias séries de perfis planejadas, algumas começadas, são uma ocupação para a capacidade de pesquisa e de síntese textual.
No caso da exposição sobre a família Alberto Torres, parti de perfis que já havia produzido para uma série de folders, ampliando o material e as referências, no caso de Alberto Torres e Heloísa, ou condensando, como foi o caso dos banners sobre Maria Alberto Torres. Recentemente, outros banners foram encomendados, para uso em atividades externas da Casa de Cultura ou para complementar o material da exposição.
É uma grande satisfação poder produzir este material, como coordenador de Patrimônio, Acervo e Memória da Casa de Cultura, contando com a orientação e a produção executiva do gestor da Casa, Alan Mota, além do apoio da curadora e mais antiga funcionária da Casa, Aurora Ribeiro, do parceiro de tantos projetos, o designer Fernando Queiroz, e de todos os colegas da equipe da instituição.
Se você tiver curiosidade, publico em forma de fotos os banners, que você pode acessar através do link abaixo e ver na mesma ordem em que ocuparam o hall e o salão da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres.
Pois é, leitores, ouvintes e visitantes. O tempo passa tão rápido, que a gente mal consegue registrar, guardar tudo o que realmente importa na memória. Este site criado para disponibilizar o meu trabalho para um possível - e sempre esperado - público completa hoje 16 anos de criação. Manter este tipo de espaço, para um autor independente, é um desafio, tanto quanto é uma necessidade. Em vários momentos, foi neste espaço que encontrei uma forma de dizer o que queria, o que precisava, muitas vezes até mesmo aquilo que não podia.
Eu que sou ainda da era dos blogs, e cheguei a manter alguns antes de concentrar esforços neste site, considero que a missão ainda não foi cumprida. Há ainda muito material engavetado, muita coisa em produção, muito mais gente para atingir. Então, seguimos em frente, por este que já é o ano XVII do site. Pra você que não viu como ele começou, reproduzo aqui a primeira postagem, em 12/09/2006.
Publico hoje um soneto que escrevi há mais de 35 anos, no distante ano de 1986. Chama-se MANIFESTO ÍNTIMO e, devo dizer, depois de tanto tempo ele ainda me representa. Como digo neste soneto da juventude, "- Só não sou, nem serei, mais uma viga / a sustentar o rei, o templo, o quartel ...". Bom ver que o jovem e o já não tão jovem poeta de hoje ainda pensam do mesmo jeito, apesar dos caminhos pelos quais a vida nos leva.
Abraços a todos - aos velhos e novos amigos!
Bastou que eu publicasse o soneto PORÕES DA DITADURA, escrito por mim em 1986, para que alguém, do alto de sua visão certamente parcial sobre o período da ditadura militar, se dignasse a defender o governo daquele período e e minimizar o que foi feito contra quem ousava denunciar ou enfrentar aquele regime. Com o argumento de que viveu aquela época, e que foi feliz, ele embota a visão, se distancia tanto da verdade que o argumento mal se sustenta. Até porque, dizer que os presos, torturados e mortos foram apenas "bandidos" ou "comunistas" deixa claro que tal pessoa não entende que as leis do Brasil não reservam ao estado o direito de torturar ou executar alguém, seja por qual motivo for.
Cada um escolhe a sua forma de lutar contra a opressão, mas deixo claro que, como pessoa pacifista, jamais concordei com qualquer tipo de luta armada. A doutrina ética do hinduismo chamada "Ainsa", tão bem encarnada por Gandhi, através da resistência pacífica e da não violência, é o que me move. Portanto, é impossível ignorar que ações dos militantes e guerrilheiros que sequestraram ou mataram pessoas, civis ou militares, pelo meu ponto de vista também foram reprováveis - ainda que eu compreenda os motivos que os levaram a isso. Vale destacar que essas ações aconteceram em escala muito menor do que os defensores da ditadura tentam fazer crer. E, pela lei, aqueles que as promoveram mereceriam serem detidos, receberem o julgamento justo e imparcial e, se condenados, a prisão pelo tempo determinado. Nada mais do que isso.
Dei um print do referido comentário na página em que publiquei o meu soneto (os comentários são moderados por mim), e escrevi uma resposta que, espero, tenha sido contundente mas não desrespeitosa. Compreendo que muitos estiveram entorpecidos naquele período, ocupados com suas vidas e evitando pensar ou falar sobre o governo. Porém, hoje, com tantas informações apuradas por jornalistas, historiadores, cientistas sociais e políticos, entidades internacionais e até mesmo pela Comissão da Verdade, no Congresso Nacional, não há espaço para o negacionismo histórico. Nem aqui, no meu site, em que publico apenas as coisas em que acredito, com o coração aberto.
Chego a me admirar de pessoas que têm a coragem de fazer esse tipo de comentário, a favor de uma ditadura que tomou o poder à força, destituiu um presidente eleito, fechou o Congresso, forçou pessoas a se exilarem, além de todo o resto de que já tratei aqui. Caso comentários com esse mesmo teor surjam, infelizmente não serão aprovados. Defender ações criminosas do estado é algo que vai contra a política deste site e deste autor.
Somos apenas seres humanos. Sujeitos a erros, a avaliações equivocadas, até mesmo a atitudes vis. Sujeitos a caminhar de olhos fechados, sem perceber o mundo ruir à nossa volta. Tenho uma tristeza enorme de tratar desses assuntos, mas se faz necessário.
Um projeto da artista plástica e ilustradora Amanda Gomes, que está produzindo retratos em aquarela de várias mulheres brasileiras que foram pioneiras em suas áreas, desbravadoras, ativistas e/ou lutadoras pelos direitos das mulheres, tem sua primeira exposição ocupando uma das salas da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, em Itaboraí-RJ. A mostra atual tem o conjunto das primeiras dez mulheres, que inclui nomes mais conhecidos, como Maria da Penha Fernandes - que se tornou símbolo da violência contra a mulher - e a educadora e escritora feminista Nísia Floresta, traz também rostos de mulheres que são pouco conhecidas ou que sofreram o processo violento da invisibilização histórica.
Amanda Gomes é filha deste que vos fala, e me convocou para o projeto. Assim, surgiu mais uma série de perfis biográficos, que, assim como os quadros, está em produção. A partir de uma primeira lista de 30 mulheres, proposta por Amanda, chegamos a uma de 50 - em que muitos nomes relevantes talvez tenham ficado de fora. Para a exposição, preparei perfis explicativos curtos, com o básico sobre cada uma delas e, em breve, vou disponibilizar aqui no site os textos ampliados, abrindo o caminho para esta nova série de perfis biográficos.
Desenvolver um projeto ao lado de uma filha é uma bênção, ainda mais sendo ela uma artista plástica tão talentosa. A ideia de dar luz a rostos que nós, enquanto brasileiros, não conhecemos ou não nos lembramos, é fascinante. Esse é um projeto que me empolga. A exposição, que foi aberta em 12 de maio, fica em cartaz até 18 de junho.
A Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres fica no Centro Histórico de Itaboraí, na Praça Marechal Floriano Peixoto, 303. Podem ser feitos agendamentos para visitação guiada, tanto à exposição "Mulheres Pioneiras do Brasil", de Amanda Gomes, quanto a "Vojaganto", de Elpídio Maradona, que ocupa o salão principal do centro cultural. Vale a visita ao sobrado histórico, do início do século XIX, que é o espaço mais democrático para a cultura em toda a região.
Acesse também o ÁLBUM DE FOTOS da exposição