JAMES DOOHAN
Do campo de batalha à U.S.S. Enteprise

   Dar vida ao engenheiro-chefe da U.S.S. Enterprise, Montgomery Scott, acabou trazendo ao ator James Doohan muito mais do que o salário na mão, durante as três temporadas. O reconhecimento pelo personagem, que influenciou crianças e jovens a cursarem engenharia, rendeu a Doohan diversas homenagens ao longo da vida, como seu diploma honorário na Faculdade de Engenharia de Milwaukee ou a estrela da Calçada da Fama da TV no Hollywood Boulevard, em 2004. 
   Nascido em 03 de março de 1920, em Vancouver, no Canadá, James Montgomery Doohan era filho de um casal de imigrantes irlandeses, que chegaram ao país pouco tempo antes de seu nascimento. O pai, que era farmacêutico, dentista e veterinário, enfrentou dificuldades financeiras e o vício do álcool durante toda a infância de James, que cresceu em sofrimento, acompanhando a violência doméstica do pai sobre a mãe, Sarah. 
   James ingressou na Artilharia Real durante a 2ª Guerra Mundial e participou do desembarque na Normandia, no Dia D. À Artilharia Real coube o desembarque na praia de Juno e, mesmo recebendo sete tiros, James Doohan sobreviveu para contar a história. Durante o combate, teve o dedo médio da mão direita amputado e poderia ter morrido com um tiro no peito, que não o atingiu graças a uma cigarreira que tinha lhe sido dada pelo irmão.
   Atuando em peças desde a juventude, James buscou espaço na indústria cinematográfica, conseguindo papeis em vários filmes e seriados, como Bonanza (1959), Gunsmoke (1955) e O Fugitivo (1963). Quando Gene Roddeberry procurava um ator capaz de encarnar o engenheiro da Enterprise para o seu segundo piloto – que se tornaria o episódio “Onde nenhum homem jamais esteve” (1966), escolheu Doohan em um teste, por sua capacidade de fazer diversos sotaques. Surgia o escocês Scotty, com suas tiradas irônicas e um sotaque inconfundível.
   Foram três temporadas da Série Clássica, além da participação na Série Animada, já na década de 70, quando Doohan fez as vozes para mais de 50 personagens, nos 22 episódios. A partir de 1979, com “Jornada nas Estrelas: o Filme”, James Doohan levou Montgomery Scott para o cinema, em seis filmes com a tripulação clássica, além de “Star Trek: Generations” (1994). Participou, ainda, do episódio "Relics", de Star Trek: a Nova Geração, em 1992.
   Doohan falou sobre sua vida e seu tempo no set de Star Trek em “Beam me up, Scotty”, sua autobiografia. O ator sempre participava de convenções de fãs, atendendo a todos com simpatia. Em uma ocasião, encontrou uma fã que, pela conversa, demonstrou ter intenções suicidas. James Doohan a convidou para as próximas convenções, na esperança de que ela desistisse de tirar a própria vida. Anos mais tarde, recebeu uma carta da mesma fã, que havia se formado em Engenharia. 
   James Doohan teve três casamentos e sete filhos. Um deles, Christopher, repetiria o personagem do pai na fan-serie “Star Trek Continues”, dirigida e produzida por Vic Mignogna. Após sobreviver à guerra e a um enfarte (em 1979), James Doohan faleceu aos 85 anos, de pneumonia, em 20 de julho de 2005, em Redmond, Washington. Sofria do mal de Alzheimer.

(Parte da coletânea ATORES EM STAR TREK (1), em produção, de William Mendonça. Direitos reservados.)