ARTHUR C. CLARKE
O verdadeiro construtor de futuros
Mesmo que nunca tivesse escrito seus romances de ficção científica, o escritor inglês Arthur C. Clarke já seria um nome citado com um dos verdadeiros definidores das eras futuras. A partir de uma ideia que lhe surgiu quando era operador de radar da Força Aérea Britânica, durante a 2ª Guerra Mundial, Clarke propôs a criação de satélites artificiais que possibilitariam a comunicação integrada ao redor do planeta. Não à toa, a órbita proposta por ele é hoje chamada de Cinturão Clarke, em sua homenagem.
Arthur Charles Clarke, que produziu uma obra inspiradora, por vezes, metafísica, na ficção científica, foi uma criança fascinada pelas estrelas. Nascido em Minehead, Somerset, em 16 de dezembro de 1917, afiliou-se aos 17 anos à Sociedade Interplanetária Britânica, que poderia parecer uma incrível reunião de lunáticos, mas, ao contrário, desenvolvia ideias para que a humanidade chegasse ao espaço.
O insight que teve durante a guerra acabou se tornando um artigo para a revista Wireless World, em que Clarke defendia a ideia de se colocar em órbita geoestacionária satélites repetidores, a 36 mil quilômetros de altitude sobre a linha do equador. Separados por 120 graus entre si, os satélites permitiram o compartilhamento de sinais de rádio e televisão. Depois de deixar a Força Aérea, o escritor conseguiu seu bacharelado em Ciências pelo King's College de Londres.
Se poucos escritores, como Clarke, poderiam dizer que construíram o futuro, é fato que também propôs cenários que estão aparentemente longe de se realizar. Fascinado pela possibilidade de vida em outros planetas, o escritor apresentou em diversos romances o momento do contato entre os seres humanos e extraterrestres. Logo em 1953, “O Fim da Infância”, um de seus primeiros romances, apresenta a chegada dos Senhores Supremos, com sua frota de naves de avançada tecnologia estacionada sobre a Terra.
O chamado “primeiro contato” estaria presente em vários outros livros de Clarke, como em “Encontro com Rama” (1972) e suas três sequências. Invenções ainda irrealizáveis, como o elevador até a estratosfera tema de “As Fontes do Paraíso” (1979), não assustavam Clarke – para quem não havia pressa para a evolução humana, pois ela já está ocorrendo. Afinal, a avançada tecnologia da cidade inteligente Diaspar, única da Terra um bilhão de anos no futuro, cenário do livro “A Cidade e as Estrelas” (1956), talvez esteja mais perto do que se pensa.
Porém, a visão de Clarke se fundiu com a de outro nome fundamental da ficção científica – só que do cinema – no século XX: Stanley Kubrick. Os dois construíram o roteiro do filme “2001: uma Odisseia no Espaço”, que assombrou o mundo em 1968. A história era baseada dois contos de Clarke. “2001” acabaria se tornando um romance de sucesso, com várias sequências, a última delas lançada em 1997.
Arthur C. Clarke mudou-se para o Sri Lanka e viveria em Colombo, capital da ex-colônia britânica, até a morte. Vencedor dos prêmios Hugo e Nebula, recebeu o título de Cavaleiro da Ordem do Império Britânico, em 1998, e continuou produzindo, até sua morte em 19 de março de 2008, aos 90 anos, por insuficiência cardíaca.
(Parte da coletânea ESCRITORES DE SCI-FI, FANTASIA E AFINS, de William Mendonça. Direitos reservados.)