William Mendonça
POESIA, PROSA, MÚSICA E TEATRO
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Textos

MARY SHELLEY
Os dilemas éticos da ciência e da criação

 

   Com "Frankenstein, ou o Prometeu Moderno", um romance que mistura ficção científica e horror, abordando dilemas éticos da ciência e do homem assim como suas consequências, a escritora inglesa Mary Shelley – então com menos de vinte anos de idade – marcou seu nome na literatura mundial. Em sentido amplo, a vida e a morte são os personagens principais do romance, em que o cientista Victor Frankenstein ousa dar vida a um ser composto de partes de pessoas mortas – e se horroriza com o resultado.
   Filha do jornalista e filósofo ateísta William Godwin e da pensadora e ativista Mary Wollstonecraft, pioneira do feminismo, Mary Shelley nasceu em 30 de agosto de 1797. Poucos dias depois, sua mãe morreu, em decorrência de complicações pós-parto. Durante a infância, criada por uma madrasta que não entendia nem valorizava seu espírito independente e criativo, Mary Godwin se refugiava no cemitério e passava horas ao lado do túmulo da mãe, escrevendo seus diários e contos. 
   Mesmo sem uma educação formal, a jovem usufruía da extensa biblioteca do pai e acompanhava as conversas de William Godwin com alunos e intelectuais. Em 1814, um desses alunos entraria na vida de Mary: Percy Bysshe Shelley, um poeta em ascensão, que mesmo jovem já tinha a vida envolvida em escândalos. Ele era casado e tinha um filho com Harriet Westbrook. Porém, apaixonado por Mary, Percy abandonaria definitivamente a esposa em 1814. 
   Por seu lado, Mary fugiria de casa para viver com Shelley, que a despeito do status de celebridade por seus versos populares vivia em dificuldades financeiras. A morte e a tragédia perseguiriam Mary ao longo de todo o turbulento relacionamento com Shelley. A primeira esposa do poeta cometeria suicídio, assim como a meia-irmã de Mary, Fanny, em 1816. No final daquele ano, Mary e Percy se casariam oficialmente. Dos filhos do casal, apenas um, Percy Florence, sobreviveria. O poeta morreria afogado em 1822.
   A consciência do trágico, em meio às mudanças causadas pela Revolução Industrial e a novas descobertas e teorias científicas – especialmente os experimentos conduzidos por Luigi Galvani para a reanimação de corpos de animais através da eletricidade – comporiam o pano de fundo de "Frankenstein, ou o Prometeu Moderno". Mary e o marido eram hóspedes do poeta Lord Byron na Suíça, juntamente a John Polidori e Claire Clarmont, quando surgiu o desafio de que todos escrevessem um conto de terror.
   O livro, escrito em formato de cartas, bem à moda do Romantismo, confronta a irresponsabilidade de Victor Frankenstein, que abandona sua criatura à própria sorte, à moral da criação. O monstro, que se forma sozinho combatendo os próprios demônios, busca por vingança contra o criador que o rejeitou. Um conto gótico publicado de forma anônima, em 1818, e que só mais tarde teria a verdadeira autora revelada.
   Mary Shelley passaria os últimos anos de vida escrevendo e publicando romances – com destaque para "Mathilda" (1819), "Valperga" (1823) e "The Last Man" (1826) – e dedicada à publicação da obra e preservação do trabalho do falecido marido. Em 01 de fevereiro de 1851, a escritora faleceu, em decorrência de um tumor cerebral.

 

(Parte da coletânea ESCRITORES DE SCI-FI, FANTASIA E AFINS, de William Mendonça. Direitos reservados.)

William Mendonça
Enviado por William Mendonça em 16/06/2023
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