William Mendonça
POESIA, PROSA, MÚSICA E TEATRO
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Textos
RABINDRANATH TAGORE
A voz da revolução pacífica


   Se a revolução pacífica que levou à independência da Índia tem uma cara política, esta é, sem dúvida, a de Mahatma Gandhi, o líder político e espiritual que pregou a não violência. Mas, uma outra voz também se destacou naquela luta, sobressaindo nos campos da cultura e da educação: Rabindranath Tagore, a primeira voz da Índia profunda a desbravar o ocidente.
   Contemporâneo de Gandhi, nascido em 7 de maio de 1861, em Calcutá, Tagore era filho de uma família nobre e abastada. A Índia era colônia da Inglaterra e viveu, por um século, o sonho de libertação, que só viria após a Segunda Guerra Mundial. Alma sensível, que veio ao mundo em uma família numerosa, Rabi, desde cedo, manifestou pendor para a poesia e a contemplação. Em seu livro de memórias, Tagore conta que detestava ir à escola, pois não se sentia atraído pelo rígido sistema de ensino da época. Por outro lado, estudava sempre, e de tudo.
   Na adolescência, ainda sem se inteirar dos amplos efeitos do domínio britânico sobre sua terra natal, Tagore partiu para estudar na Inglaterra, financiado pelo pai, que se encantara por seus versos. Em sua juventude, Tagore se aproximava cada vez da herança cultural de seu povo, ainda que não se manifestasse contrário ao julgo imperialista. Depois de três anos em Londres, onde cursava direito, teve que retornar ao seu país, em 1880. Casou-se aos 23 anos e retornava a Londres, quando desistiu e resolver ficar definitivamente na Índia.
   Seus poemas começavam a se tornar populares. Os dois primeiros livros (Canções da Noite e Canções do Dia) se tornaram sucesso, mesmo em um país, à época, em grande parte iletrado. Depois de uma viagem aos Estados Unidos e outros países, Tagore decidiu se dedicar à paixão de sua vida: a educação. Estabeleceu uma escola em Santiniketan, que deu origem a uma respeitada universidade.
   A glória como autor veio com o Prêmio Nobel de 1913 – o primeiro concedido a um autor oriental. Revelados ao Ocidente por Ezra Pound, Tagore e seus cânticos líricos, que modernizaram a tradição poética de grandes nomes indianos, logo cairia no gosto da intelectualidade dos centros culturais da Europa e da América. Poesia mística e panteísta, a obra de Tagore não se limitou a uma expressão: escreveu romances, cantos, peças de teatro. Foi, também, músico e artista plástico, professor e pensador da educação. Alguns livros de Tagore, como “Gitanjali: oferenda lírica”, influenciaram uma geração de poetas brasileiros, como Cecília Meireles e Murilo Mendes. 
   O mestre indiano recebeu o título de Cavaleiro do Império Britânico, mas o recusou e devolveu, porque os ingleses abriram fogo contra uma assembleia de nacionalistas desarmados, no Punjab. Um ato que valeu mais que mil palavras. Escrevendo em sua língua natal, Tagore tornou-se respeitado em todo o mundo. Amigo de Gandhi, o poeta morreu em 7 de agosto 1941, sem ver a Índia livre que tanto sonhou – o que só se concretizaria seis anos depois. Ainda assim, é o autor da letra do hino de dois países: da Índia e de Bangladesh.

(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)
 
William Mendonça
Enviado por William Mendonça em 23/12/2018
Alterado em 29/05/2021
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