PETER BROOK
E o ponto da mudança no teatro
Considerado por muitos como o último grande nome do teatro do Século XX, por ter conseguido propor novas saídas para a arte do palco no momento em que todas as inovações já pareciam ter sido feitas, o inglês Peter Brook é figura fundamental para o bom entendimento do teatro que é feito hoje. Nascido em Londres, em 21 de março de 1925, Brook se interessou pelo teatro quando cursava a faculdade de Oxford. Foi claramente influenciado por Antonin Artaud e Bertold Brecht, e pelo existencialismo.
A principal contribuição de Brook como diretor foi a renovação do método de representação da obra de Shakespeare. Suas montagens de peças do bardo, desde “Vida e morte do Rei João”, em 1945, ainda pelo Birmingham Repertory Theather, foram inovadoras e, se por um lado causaram polêmica, por outro levaram ar fresco aos textos de mais de três séculos. “Medida por medida”, “Sonho de uma noite de verão”, “Conto de inverno” e “Rei Lear” foram alguns dos sucessos de Peter Brook revisitando Shakespeare.
O diretor mostrou coragem ao encenar um texto shakespeariano que era considerado “impossível de ser montado” desde o século XVII: “Tito Andrônico”, uma verdadeira seqüência de assassinatos, violência e crueldade na Roma antiga, sobre a qual pairaram dúvidas a respeito da autoria de Shakespeare durante muito tempo. Com o maior ator do século XX, Laurence Olivier no elenco, Peter Brook teve condições de inovar.
Apesar de ter sido diretor da Royal Shakespeare Company, ao lado de Peter Hall, na década de 1960, Peter Brook e seu teatro não viveram apenas de Shakespeare. Em 1966, levou para o palco o texto “Marat/Sade”, de Peter Weiss, e em seguida a peça “Us”, sobre a Guerra do Vietnã, que foram polêmicas pelo aspecto cênico e a temática. Peter Brook é a favor de uma interpretação mais livre por parte dos atores e tenta evitar a passividade do público. Ele busca a criação de uma unidade expressiva da peça, participando pessoalmente da elaboração de cenários, figurinos e trilha sonora.
Como teórico, Peter Brook mostra-se fundamental. Dois de seus livros, “O teatro e seu espaço” (1968), “O ponto da mudança” (1987), “There are no secrets” (1993) analisam o teatro atual para propor novos caminhos. Nos anos 70, fundou o Centro de Pesquisa Teatral que dirige até hoje, em Paris. Além disso, manteve desde os anos 1950 uma carreira bem sucedida como diretor de cinema, fazendo adaptações de peças de teatro, como “Marat/Sade” (1967), e romances, como “Moderato Cantabile” (1960), de Marguerite Duras.
(Parte da coletânea GENTE DE TEATRO, de William Mendonça. Direitos reservados.)