SÓFOCLES
O gênio dos grandes dramas
Quando se fala do teatro grego da antiguidade, uma das peças mais encenadas – que popularizou um mito e deu até nome a um complexo psicológico – é “Édipo Rei”, de Sófocles. De fato, o autor grego, nascido em 495 a.C., que desbancou a popularidade de Ésquilo e teria escrito 120 peças, com diversas vitórias nos concursos teatrais de Atenas, pode ser considerado o criador do drama psicológico. Seus textos concentram o foco sobre o destino humano, o sofrimento do herói, suas angústias, mesmo mantendo em cena a força dos deuses que leva os destinos trágicos a serem cumpridos no final.
Mas não foi só por “Édipo Rei” que Sófocles se notabilizou. Em seu tempo, foi considerado o maior poeta trágico entre os gregos, dominando a cena teatral exatamente na chamada época áurea da cultura em Atenas. Obteve sua primeira vitória ainda jovem, em 468 a.C., derrotando Ésquilo – que já havia vencido por 18 vezes o festival. Ainda nessa época, Sófocles era muito influenciado pelo rival, mas sua habilidade na exposição do enredo sobressaía.
Restaram, nos dias de hoje, apenas sete textos com a autoria confirmada de Sófocles. A mais antiga é “Ajax”, contando a história do herói mitológico, escrita em 450 a.C. Porém, seus textos mais brilhantes são, certamente, “Édipo Rei” (430 a.C.) – a tragédia que abordou temas fortes como o incesto, o parricídio, a força incontrolável do destino sobre o homem, entre outros – e “Antígona” (442 a.C.), esta também muito encenada na atualidade.
Escreveu, ainda, “Elektra” (425 a.C), peça homônima à de Eurípedes, porém menos popular e considerada inferior, “As traquínias” (420 a.C.), seu texto menos trágico, “Filoctetes” (409 a.C.), um drama psicológico, e o encerramento da saga de Édipo, chamado “Édipo em Colonos”, que foi encenada em 401 a.C. , já depois da morte do autor. Em suas peças, nota-se a redução sensível da ação do coro, ampliando o espaço para os diálogos e a ação dos personagens.
A vida longa de Sófocles foi, de fato, um exemplo de sucesso. Nascido em Colona, bairro de Atenas, foi amigo de Péricles, o maior estadista da democracia ateniense, e exerceu funções públicas importantes – como o cargo de guarda dos tesouros da Acrópole. Venceu por vinte vezes o concurso anual de teatro, tendo sido contemporâneo de outros dois autores memoráveis – Ésquilo e Eurípedes. Morreu em 406 a.C., em Atenas.
(Parte da coletânea
GENTE DE TEATRO, de William Mendonça. Direitos reservados.)