GORDON CRAIG
Todo poder aos diretores
Entre os principais teóricos do teatro moderno, talvez ninguém tenha valorizado mais o papel do diretor no processo teatral do que o inglês Gordon Craig. Nascido em Stevenage, em 16 de janeiro de 1872, Craig acreditava que apenas o diretor poderia dar unidade a uma montagem cênica – coordenando intérpretes, cenários e até mesmo o texto, sobre os quais é soberano.
Considerado um dos grandes renovadores da arte teatral, Craig iniciou a carreira em 1889, como ator, dedicando-se à atividade até 1897. Estudou arquitetura e pintura e, de 1900 a 1904, trabalhou com cenografia. Suas idéias revolucionárias não foram bem compreendidas no Reino Unido, o que levou Craig ao continente europeu, realizando importantes encenações em cidades como Copenhague e, especialmente, em Moscou, onde apresentou “Hamlet” a convite de Stanislaviski, em 1912. Dirigiu a escola teatral Arena-Goldoni, em Florença (Itália), até 1914.
A teoria de Craig o tornou mundialmente conhecido, após a publicação do seu ensaio “A arte do teatro”, em 1905. Ao longo de sua extensa carreira, publicou diversos textos sobre a arte teatral em livros e revistas especializadas, aprofundando suas teses. Para ele, o diretor é o verdadeiro criador do espetáculo teatral. Ele aboliu a figura do “ensaiador”, que foi comum no teatro até a década de 40, em favor do “encenador”, um artista que tem o absoluto controle sobre a montagem. Craig também foi o primeiro a explorar o potencial da iluminação elétrica no teatro.
Atuando paralelamente a movimentos artísticos modernistas, Craig criou uma arte cênica que levava a ilusão ao extremo. Em contraponto aos cenários e espetáculos que apenas “representavam a realidade”, cenários com planos múltiplos verticais e horizontais e iluminação especial. Obsessivo, Craig controlava o trabalho do ator, com rígidas marcações de cena e de gestos – como uma coreografia. Para ele, os atores deveriam ter “mais dedicação e menos egoísmo”.
São famosas as maquetes super-detalhadas das encenações de Gordon Craig. Mergulhando cada vez mais em suas teorias, o diretor afirmou que os atores atrapalhavam o processo teatral e poderiam ser substituídos por marionetes – e, no final da vida, Craig acabou realmente dedicando-se ao teatro de bonecos. O diretor que “inventou” os diretores morreu em 29 de julho de 1966, em Venice, França.
(Parte da coletânea GENTE DE TEATRO, de William Mendonça. Direitos reservados.)