Uma das mais brilhantes e atormentadas vozes que a poesia do século XX produziu foi, sem dúvida, a americana Sylvia Plath. Nascida em 27 de outubro de 1932, em Jamaica Plain, Massassuchets, Sylvia era um ser com o espantoso QI 166 e problemas psiquiátricos desde os oito anos de idade, após a morte de seu pai. No mesmo ano, o Boston Herald publicou seu primeiro poema.
A inteligência e precocidade de Sylvia Plath a ajudaram a ter ótimo desempenho nos estudos e a vencer concursos literários, como o patrocinado pela revista Mademoiselle em 1953. No entanto, a poetisa tinha grandes problemas para se relacionar com as pessoas e chegou a ter um colapso nervoso após sua primeira estada em Nova Iorque, no mesmo ano. Entrou para a Universidade Smith College em 1950. Seu caminho até a formatura, em 1955, quase foi interrompido por uma crise de depressão, que levou a uma tentativa de suicídio em 1953.
Na verdade, a curta vida de Sylvia Plath passou por um turbilhão nos seus últimos dez anos. Após a tentativa de suicídio, enfrentou tratamentos psiquiátricos que marcariam decisivamente a sua vida. Conseguiu uma bolsa de estudos para a Universidade de Cambridge. Em 1956, conheceu e casou-se em pouco tempo com o poeta Ted Hughes, descrito como uma personalidade machista e egoísta. Ele, a esta altura, já gozava de prestígio, especialmente nos meios acadêmicos, e Sylvia era uma aspirante a escritora.
O casamento foi o transtorno que faltava à vida de Sylvia Plath. Em meio a brigas violentas, crises de ciúmes, o nascimento de dois filhos (Frieda e Nicholas) e vários casos extraconjugais de Hughes, o dia-a-dia tornou-se um inferno. A escritora chega a lecionar no próprio Smith College, mas volta à Inglaterra, onde vive em North Tawton, após ficar grávida pela primeira vez. Sylvia, que estava farta da ficção, produziu seu primeiro livro de poemas, “The colossus and other poems”, que foi lançado em 1960.
A poesia intimista servia como desabafo, falando da condição feminina em uma sociedade machista e de episódios dolorosos de sua vida. Quando, em 1962, veio a separação de Hughes, Sylvia trancou-se em um apartamento em Londres e escreveu seu último volume de poesias. Publicou o romance parcialmente autobiográfico “Redoma de vidro”, em 1963. No limite da sanidade, ela chegou a procurar ajuda, mas não conseguiu ser internada, pois por incrível que pareça os hospitais psiquiátricos da capital inglesa estavam lotados.
Na manhã de 11 de fevereiro de 1963, Sylvia Plath se despediu dos filhos, que ainda dormiam, deixando dois copos de leite e um prato de pão com manteiga e foi à cozinha. Vedou as portas e janelas com toalhas, enfiou a própria cabeça no forno e ligou o gás. Foi encontrada morta algumas horas depois. O ex-marido herdou seu espólio literário e, até onde se sabe, suprimiu vários dos poemas de Sylvia na publicação póstuma do último livro. Em 1982, Sylvia Plath tornou-se a primeira poetisa a conquistar o prêmio Pulitzer de forma póstuma, pelos seus “Collectd Poems” publicados um ano antes.
(Parte da coletânea
HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)