William Mendonça
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Textos

EMILY DICKINSON
A poetisa reclusa

   O dom da poesia - é sabido - não privilegia nenhum sexo. Tanto homens quanto mulheres têm a capacidade, quase uma centelha divina, de expressar sentimentos e idéias nos versos, uma prática que acompanha a humanidade há milhares de anos. No entanto, em qualquer compêndio de literatura as mulheres estão em menor número - fruto da situação de submissão a que foram relegadas na sociedade ocidental nos últimos séculos. Devido a esse preconceito e até mesmo a zombaria dos meios acadêmicos, muitas mulheres talentosas sequer chegaram a publicar seus poemas.
   Mas o tempo, muitas vezes, devolve à luz da Justiça esses nomes que pareciam esquecidos. É o caso claro da poetisa americana Emily Dickinson, nascida em 10 de dezembro de 1830 na cidade de Amherst, Massachusetts. Uma das maiores poetas de todos os tempos, com uma sensibilidade apurada, Emily foi criada no ambiente puritano da Nova Inglaterra. Nunca se casou e poucas vezes saiu de sua cidade natal, para pequenas viagens. Praticamente não sofreu influências de gêneros ou estilos poéticos - produziu uma obra original.
   Desde os dezoito anos, Emily dava vazão aos seus sentimentos em versos, mas apenas dez anos depois, em 1858, decidiu reunir os poemas em pequenos volumes manuscritos – seus “fascículos”. Muito do que tinha escrito até ali era uma forma de sublimação de uma paixão proibida: o Pastor Charles Wadsworth, um homem casado, com quem Emily não se deixou envolver. Sofreu com uma grave doença oftalmológica, mas até 1866 produziu ardentemente.
   Em 1862, no auge da sua produção, Emily tomou coragem, reuniu quatro poemas e os enviou a um crítico literário. Este, do alto da falta de sensibilidade que sempre caracterizou os críticos, desaconselhou Emily a publicar seus poemas - mesmo reconhecendo suas originalidades métricas. O crítico acreditava que os poemas não teriam aceitação pública. Por conta disso, Emily, com sua personalidade retraída, nunca publicou seus poemas.
   Mesmo depois do período de maior produção, e com a tristeza da rejeição de sua obra, ela continuou escrevendo. Chegou a viver um romance com o juiz Otis Phillips Lord, que era amigo do pai de Emily e frequentador da casa da família. Quando ficou viúvo, ele começou a cortejar a poeta. Os dois trocaram correspondência romântica e chegaram a cogitar o casamento, porém, Lord morreu dois anos antes de Emily.
   Após anos com a saúde debilitada, Emily Dickinson morreu em 15 de maio de 1886. Somente depois disso, sua irmã descobriu os numerosos manuscritos, com mais de 1.700 poemas, publicando “Poems by Emily Dickinson” (1890). Ao contrário do que previra o crítico, os poemas de Emily Dickinson tiveram aceitação imediata e a transformaram em um dos maiores nomes da literatura mundial.
   O admirador da poesia de Emily Dickinson pode conhecer mais sobre sua vida no museu dedicado a ela, em Amherst. A instituição, criada em 2003, reúne duas casas que tiveram importância na vida da escritora: Homestead, onde nasceu e viveu Emily, e Evergreens, onde viviam o irmão Austin, a cunhada e os sobrinhos. As casas, e o museu, são hoje propriedade do Amherst College.

(Parte da coletânea HISTÓRIAS DE POETAS, de William Mendonça. Direitos reservados.)

William Mendonça
Enviado por William Mendonça em 15/09/2008
Alterado em 15/05/2021
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