TEU LUGAR
Portais descortinam ao toque do vento,
Sensíveis e incautos, o mundo em lampejos
- a cada viagem, vislumbras desejos
jamais concebidos, por sorte ou intento.
A vida é surpresa - não temas! O alento
De tudo é seguir, pois a morte, sem pejos,
Desenha o que passa em sutis azulejos,
Que duram tão pouco, ao sabor do momento.
Viver é mergulho, saltar para o nada.
Os braços sonhando ser asas, os olhos
Ceifando montanhas, a voz embargada.
Talvez não te reste a fração de segundo,
Bendita fagulha a luzir nos abrolhos,
Que mostre, no fim, teu lugar neste mundo.
Quarta, 21 de maio de 2025
(Soneto em arte maior - versos hendecassílabos)