A MUSA; O VERSO; O TEMPO
Versou a manhã: crescida no céu cáustico
do passado que o poeta semeara...
Desfilavam cabeças sinonímicas,
sem forma, sem motivo, sem lirismo;
e então a musa sorriu, me conduzindo
pelo asfalto infinito do meu mundo;
e passou, capturando o verso impuro
para o espalhar em folhas de papel.
Confundiam-se o agora, o ontem e o sempre
e eu mal sabia o verbo a conjugar
- o poema não vivia preso ao tempo.
E na Babel dos dias que ficaram,
minha musa me disse: - Esquece a morte!
Agora sou teu tempo... vasto e eterno.
(Parte do livro ALGUNS SONETOS QUE FIZ POR AÍ disponível para download gratuito)