OPORTUNIDADE HISTÓRICA
Em seu discurso de posse, o novo prefeito de Itaboraí, Helil Cardozo, falou sobre a “oportunidade histórica” que o município tem nas mãos de garantir desenvolvimento, distribuição de renda e justiça social, a partir dos recursos advindos da instalação do Comperj e todos os investimentos paralelos que estão sendo feitos na cidade.
Esse é apenas um lado da questão. Talvez seja o momento de Itaboraí aproveitar outra oportunidade histórica – a de aprender com os próprios erros. Quem conhece um pouco mais a fundo a história deste município, sabe que seu desenvolvimento, ao longo dos séculos, sempre ocorreu ligado a ciclos econômicos. Cana-de-açúcar, comércio, laranja, cerâmica – em vários momentos, ao longo dos dois últimos séculos, Itaboraí esteve com a faca e o queijo na mão para firmar bases para um progresso mais duradouro, mas não fez nada.
Uma coisa que se aprende rapidamente ao analisar as sociedades e países à luz da história é que os ciclos, como a própria palavra já deixa entender, têm começo e fim. A menos que se aproveite os momentos de pujança econômica para construir algo sólido, para guiar uma cidade para o desenvolvimento sustentável, ao fim do ciclo, haverá a recessão. Vacas gordas, vacas magras.
Itaboraí, que já viveu isso várias vezes, não deve pensar no Comperj como a definitiva solução de todos os problemas, mas como uma grande fonte “temporária” de recursos, que permitirá o fim do atraso social e pode servir para construir um grande município que se mantenha grande ao fim desse ciclo.
Vale lembrar que o petróleo é um recurso finito – as reservas estão à beira da exaustão e, pode levar décadas ou mesmo um século, tudo estará acabado. Antes disso, o mundo pode voltar seus olhos para fontes de energia renováveis, como o sol, os ventos, a biomassa, e essas fontes talvez se tornem mais viáveis economicamente que o petróleo. É o básico da economia – quanto mais necessário, maior o valor e a importância de um produto.
É certo que o ciclo econômico começado hoje com o Comperj vai chegar ao fim, mais dia, menos dia. Portanto, é hora de se criar políticas públicas, e não apenas “ações de governo” que se extinguem em quatro anos, para garantir a Itaboraí vinda longa e próspera também na época das vacas magras.
Publicado no JORNAL ITABORAÍ de 02/01/2013