Pois é, minha gente! Desde o dia 19 de outubro posso me dizer, oficialmente, cordelista - e com a bênção de um dos grandes nomes desse gênero literário tão brasileiro: o mestre Zé Salvador. Paixão antiga, que já ocupou minhas pesquisas para peças teatrais mais de duas décadas atrás, o cordel sempre me causou certo fascínio. Essa maneira de contar histórias, que vão do fantástico ao humorístico, do noticioso ao romântico, do biográfico ao universal, é um dos grandes fenômenos que a arte popular brasileira pôde criar, naquela mistura tão típica. Ainda que com base na poesia portuguesa, foi no Brasil, mais especificamente no Nordeste, que cantadores e poetas foram sintetizando o que chamamos hoje de literatura de cordel, em forma de livretos, com sextilhas, septilhas, galopes e muitas outras.
A oficina da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, em Itaboraí, permitiu conversas inesquecíveis com Zé Salvador, um divulgador incansável dessa arte, e também com minhas colegas de turma - Cleidiane Montel, Elizabete Silva, Rafaella Fragoso e Valéria Souza. Percebi que, de fato, a experiência já longa no uso de métrica e rima me ajudaram muito a cair dentro do cordel, sem medo de me machucar. Porém, várias especificidades do cordel, que o poeta acostumado a outro gênero geralmente desconhece, nos foram apresentadas por Zé Salvador.
Resultado de todo esse processo - dez aulas muito proveitosas - foram dois cordéis, transformados em livretos impressos pela própria Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, como forma de conclusão da oficina. "O Cordel em Ação Ocupando o Seu Espaço", o primeiro deles, é uma criação coletiva, composta por todos os alunos. E não foram poucos os debates para que se chegasse à forma final, com a supervisão de Zé Salvador. Já o outro título, "A Incrível Viagem de Zé Salvador a Itaboraí', foi escrito por este que vos fala, arriscando desenvolver um tema que propus no início da oficina. Produzimos outros textos, em outros formatos, fizemos glosas para motes, conhecemos alguns dos clássicos e seus autores e brincamos com esse universo literário. Foi uma experiência incrível.
Para concluir, no dia 19 foi realizado o 1º Encontro de Cordel da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, em que lançamos os dois cordéis e recebemos os certificados de conclusão. Uma festa muito bonita (deixo, abaixo, o link para o álbum de fotos), com a presença de outros grandes nomes do cordel como Sepalo Campello e Ezequiel Alcântara e do professor Erick Bernardes, além de vários escritores da região, com destaque para Pedro Garrido (do Sarau (Uni)viersos Livres) e JC Gomes, que também fizeram uso da palavra.
Por último, e não menos importante, destaque para Amanda Gomes, minha filha, grande artista plástica, que fez as ilustrações para os dois folhetos, embelezando aquelas pequenas pérolas. Publico aqui no site os folhetos de cordel para download gratuito (foram produzidos para distribuição gratuita) e espero que os visitantes do site gostem. O link para os livretos segue também abaixo.
O CORDEL EM AÇÃO OCUPANDO O SEU ESPAÇO
A INCRÍVEL VIAGEM DE ZÉ SALVADOR A ITABORAÍ