Ao longo dos últimos 17 anos, tem sido uma luta, de fato, manter no ar este site de divulgação e compartilhamento da minha produção artística e jornalística. O apoio dos leitores ocasionais, através de seus comentários e palavras de incentivo, contrasta, em grande parte, com a falta de recursos e de espaço. Eu sempre soube que não seria fácil. E não reclamo disso.
Em pouco menos de dois anos, completo 40 anos de atividade como escritor, desde os primeiros sonetos, lá no distante ano de 1985. Nunca pensei em me tornar pop, em qualquer das coisas que fiz. A poesia, que alguns acham difícil de compreender, as canções com letras que não são extamente óbvias, o teatro musical incipiente ou os autos religiosos, nada disso é pop. Não foi feito para ser. Provavelmente, nunca será.
Mesmo minhas comédias, escritas para grupos de teatro de Itaboraí-RJ, em outros tempos, podem divertir o público, se montadas hoje, mas não farão de seu autor um dos grandes nomes do teatro brasileiro. E nunca tiveram essa intenção.
A arte é somente minha maneira de lutar contra o caos da existência. Surgiu quando eu estava crescendo, entendendo quem sou - e a primeira delas com que me envolvi acabei por abandonar no caminho: o desenho. As palavras e suas infinitas combinações de sentido e emoção me sequestraram para sempre, leitor e escritor, jornalista por mais de 30 anos, alguém que, sem nunca ter publicado um livro fisico, sempre viveu da escrita.
Nesses 17 anos do site, há algumas lacunas: faltam mais áudios (especialmente, as leituras de poesia, coisa que faço no palco desde 1987 mas que nunca trouxe para essas páginas, e outras canções); falta completar a "obra", publicando mais e-books de teatro, poesia, crônica, biografias, letras de música (todos escritos, esperando a chance de vir a público); falta a atividade pelo menos semanal neste blog do site, com reflexões avulsas e, quem sabe, colunas temáticas; e faltam vir a público os romances - minha última aventura na escrita, a fronteira final, que demorei até 2017 para atravessar.
Enfim, de tudo o que produzi, uma parcela modesta está disponível no site. E sempre me pergunto se deveria colocar logo tudo aqui, para quem procura algo novo, talvez inspirado ou inspirador, escrito por quem pouca gente conhece. Será que alguém ainda procura por isso, nesses tempos de velocidade e superficialidade? Será que alguém da crítica ainda procura autores pouco conhecidos, como fez Heloísa Buarque de Hollanda com seu lendário livro "26 Poetas Hoje", que lançou uma geração de poetas? Aliás, será que alguém além da própria Heloísa (que lançou também "Esses Poetas", com a geração dos anos 90, e "As 29 poetas hoje", com as mulheres que fazem poesia na atualidade) faz esse garimpo literário?
Em meio a essas questões existenciais, há apenas um caminho a seguir: manter o site vivo, até como um registro dessa atividade artística, abrir espaço para mais interação nas redes (instagram, youtube) e - próximo passo, que já está sendo preparado - levar meus textos ao livro impresso, para ocuparem aquele lugar na estante (pelo menos, na minha) que está reservado para eles há tanto tempo. Alerto que eles não completarão 40 anos engavetados.
Se me faltam, quase sempre, tempo e recursos, nunca faltou vontade. E horizontes novos se abrem a cada manhã.
Grato pela sua presença por aqui. Seu comentário me deixaria muito honrado.