HARRY POTTER
Neste fim de semana, não há como deixar de falar de Harry Potter. A estreia mundial do último filme da saga, “Harry Potter e as relíquias da morte – Parte 2”, aconteceu na sexa-feira, dia 15, e milhões de pessoas, a esta altura, estão se acotovelando nas filas e salas de exibição. O Brasil, que entrou definitivamente no roteiro das grandes estreias, recebeu um dos jovens astros da série – Tom Felton, que interpreta o vilão Draco Malfoy. Ele causou alvoroço em frente ao Copacabana Palace, onde está hospedado, e no Morro da Urca, onde 600 fãs assistiram à primeira exibição do filme no país. A história no cinema seguiu neste oitavo filme a política de fazer algumas mudanças em relação ao livro, mas manter o fio condutor da trama criada por J. K. Rowling. O embate final entre Harry (Daniel Radclife) e o bruxo que matou seus pais (Ralph Fiennes) tem tons de guerra e tragédia – a autora não pegou leve só porque escrevia para um público jovem e o diretor David Yates reforçou este aspecto com muito drama e um visual sombrio. O certo é que nas próximas segundas-feiras, “Harry Potter e as relíquias da morte – Parte 2” vai estar encabeçando as listas das maiores bilheterias ao redor do mundo.
ANIMA MUNDI
Já quem prefere um programa de cinema menos “blockbuster”, para curtir sozinho, em turma ou em família, tem uma ótima opção durante a semana. Vai até o dia 24 o Anima Mundi, maior festival de animação das Américas e um dos 3 mais importantes do mundo. Serão mais de 400 filmes de animação, nos mais variados formatos, origens e tendências. Quem quiser colocar a mão na massa, pode participar das diversas oficinas do Estúdio Aberto – inclusive para crianças. O festival está em seu 19º ano e é uma verdadeira maratona para quem gosta de cinema de animação – com debates, workshops e o 6º Anima Fórum, um seminário profissional. No Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), o evento ocupa os cinemas I e II, o auditório e o Teatro II.
ESTÉTICA PUNK
Por falar em CCBB, o térreo e o segundo andar do Centro Cultural foram tomados pela exposição “I am a cliché – ecos da estética punk”, que resgata a gênese plástica do punk, com a visão de 12 artistas consagrados sobre a metamorfose da imagem dentro da estética do movimento. O Punk – uma reação musical, comportamental e política ao rock grandiloquente de meados dos anos 70 e ao conservadorismo vigente – se apoiou fortemente no choque estético para passar sua mensagem. No dia 12 aconteceu um encontro entre o público e a curadora da mostra, Emma Lavigne. “I am a cliché” (título emprestado de uma música da banda X-Ray Spex) fica no CCBB até 2 de outubro e traz preciosidades comoi a coleção de capas de discos de Thierry Planelle e obras de gente como Andy Warhol.
ARQUEOLOGIA
A descoberta de novos sítios arqueológicos e o aumento do volume de material coletado e catalogado fez com que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) anunciasse a implantação de um Centro Arqueológico no Rio de Janeiro, até o final de 2012. O local – um palacete histórico na Praça da República – já está sendo restaurado e adaptado para receber o centro. No estado do Rio, já estão catalogados 962 sítios arqueológicos, mas esse número vai crescer nos próximos anos. Somente na área onde está sendo instalado o Comperj, em Itaboraí, foram descobertos 41 sítios arqueológicos – e há um total de 140 no estado em fase de implantação.
LÔ E SAMUEL
Vai pintar por aí em breve um CD/DVD reunindo os parceiros Lô Borges e Samuel Rosa. Mineiros frutos de duas gerações musicais diferentes – Lô do Clube da Esquina, nos anos 70, e Samuel do rock brasileiros do final dos anos 80 – eles encontraram pontos de identificação no trabalho. Samuel, líder do Skank, já produziu e tocou em discos de Lô e os dois tiveram parcerias em canções de sucesso, como “Dois Rios”. No dia 15, aniversário de 45 anos do cantor do Skank, a dupla subiu ao palco do Palácio das Artes, em Belo Horizonte, para apresentar seu novo projeto – um show em que fazem releituras de clássicos da MPB. Os dois continuam compondo juntos – há duas parcerias no novo disco de Lô, “Horizonte vertical”, que será lançado neste ano, inclusive a faixa título. O show, segundo eles, é uma celebração da amizade com muita música.
NOITE EXTRA
A organização do Rock in Rio anunciou os artistas nacionais e internacionais que farão parte da noite extra do festival, que vai acontecer em 29 de setembro. Como já virou moda, quase nada de rock – quem sobe ao palco são artistas identificados com uma das irmãs do rock, a soul music. Destaque para o insuperável Stevie Wonder, o multi-instrumentista autor de alguns dos maiores sucessos dos últimos trinta anos, a inglesa Joss Stone e seu vozeirão, a banda Jamiroquai, que leva a influência soul às pistas de dança, e a cantora Janelle Monáe. O rock – mas com tratamento sinfônico – fica por conta do Concerto Sinfônico Legião Urbana, composto pela Orquestra Sinfônica Brasileira, com dois integrantes originais da banda de Brasília, o baterista Marcelo Bonfá e o guitarrista Dado Villa Lobos, além de vários convidados, na abertura da noite no palco principal. Para acompanhar a Legião Urbana você, leitor, nunca pensaria em Jamiroquai, Janelle Monáe ou mesmo no mestre Stevie Wonder, mas, fazer o que, é Rock in Rio e isso já faz parte da festa.
ROCK BRASÍLIA
O filme “Rock Brasília: Era de Ouro”, de Vladmir Carvalho, foi o vencedor na categoria documentário no Festival de Cinema de Paulínia. Com depoimentos inéditos e muito material de arquivo, o filme conta os primórdios, o surgimento e a repercussão das principais bandas de rock surgidas na capital federal no final dos anos 70 e início dos 80: Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude. O diretor costura as lembranças dos personagens em suas entrevistas – inclusive uma feita pelo próprio Vladmir Carvalho com o cantor Renato Russo – a cenas daqueles dias, em que fazer rock era tudo que o pessoal de Brasília queria. Além de Renato, também o guitarrista Dado Villa-Lobos (Legião), Philippe Seabra (da banda Plebe Rude), Dinho, Fê e Flávio Lemos (Capital Inicial), entre outros, falam sobre sua experiência – desde a influência do punk inglês e a formação da lendária banda Aborto Elétrico, em 1981, até o sucesso nacional e os dias de hoje.
A FEBRE DO RATO
O festival de Paulínia é uma verdadeira festa de prêmios – praticamente todo mundo ganha alguma coisa. Dizem que é parte da política de incentivo aos cineastas e produtores. Mas, no meio de tanta gente premiada, quem mandou bem mesmo foi o filme “A febre do rato”, do diretor pernambucano Cláudio Assis. O filme recebeu oito prêmios – melhor filme, ator (Irandhyr Santos), atriz (Nanda Costa), montagem, direção de arte, fotografia, trilha sonora e o Prêmio da Crítica. Muito se esperava do filme de Selton Mello, “O Palhaço”, que acabou superado. Mas Selton levou para casa quatro prêmios – melhor diretor, roteiro, figurino e ator coadjuvante, para o incrível Moacyr Franco, que mal aparece no filme mas rouba a cena. O público, que pode votar em seu favorito em totens no local do festival, não escolheu nenhum dos dois – quem levou o Prêmio do Público foi o diretor Carlos Alberto Riccelli, com seu “Onde está a felicidade?”, que também recebeu o prêmio de melhor atriz coadjuvante, para a espanhola Maria Pujalte. Também na escolha dos documentários, o júri, a crítica e o público divergiram – o júri escolheu “Rock Brasília: Era de Ouro”, a crítica “Uma Longa Viagem”, de Lúcia Murat, e o público “A margem do Xingu – vozes desconsideradas”. Em suma, só não ganhou alguma coisa quem era muito ruim mesmo.
FESTIVAL DE BRASÍLIA
A comissão de seleção anunciou os filmes que farão parte do 44º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, que acontece a partir de 26 de setembro. Foram escolhidos seis longas para a mostra competitiva: "As Hiper-mulheres", de Carlos Fausto, Leonardo Sette e Takumã Kuikuro, "Hoje", de Tata Amaral, "Meu País", de André Ristum, "O Homem que não Dormia", de Edgard Navarro, "Trabalhar Cansa", de Juliana Rojas e Marco Dutra e "Vou Rifar meu Coração", de Ana Rieper. Entre os curtas, a mostra competitiva terá 12 filmes - selecionados entre nada menos que 415 inscritos. Para a mostra dos filmes de animação, também foram escolhidos 12 filmes, entre 99 inscritos. Muita gente está produzindo cinema no Brasil, brigando contra as dificuldades, a burocracia da lei do audiovisual e a falta de grana.
SÉRGIO E YUKA
O ex-líder e fundador do Rappa, Marcelo Yuka, é uma verdadeira usina criativa. Ele voltou à estrada para lançar um novo álbum, produz o "Mestiço", um projeto de “eletro-indígena-hardcore”, produz também uma banda de pagode formada por presos em regime semi-aberto, escreve poesia, e está montando seus shows para o Rock in Rio e o Black na Cena. Para sorte de quem gosta de rock e, principalmente, para a turma que acompanhou a carreira da banda Tubarões Voadores – o peixe grande de Itaboraí que foi precursor do hardcore e do crossover no Brasil – Yuka conseguiu levar o ex-vocalista dos Tubarões, Sérgio Espírito Santo, de volta ao estúdio. Em entrevista publicada em O Globo, Yuka contou: "quero fazer rock, então me juntei com Sérgio Espírito Santo, dos Tubarões Voadores, uma banda de Itaboraí que, antes dos Raimundos, já usava coisas de baião, antes de Nação Zumbi, já fazia crossovers impensáveis. Eu e Sérgio estamos juntos no Mestiço, um projeto eletro-indígena-hardcore". Coisa boa, com certeza.
MUSTANG DE PEÇAS NOVAS
A banda Mustang 65, de Niterói, que toca clássicos do rock e um repertório próprio muito interessante, passou por uma crise em abril, com a saída de três integrantes – o baixista Luiz Cláudio, o baterista Ayrton Jr. e o guitarrista Luciano Barbosa. Gerou certa confusão o fato de quem saiu ter “decretado” o fim da banda, sem avisar a quem ficou. Mas, aparadas as arestas e avisados aos seguidores nas redes sociais, o guitarrista e vocalista Caio Mattos e o tecladista Ricardo Mann procuraram repor as peças do Mustang. Nas baquetas, o antigo “sexto” integrante, Marcelo Borring, assumiu o posto. Para o baixo, Cristiano Mika, ex-integrante da banda Replay, que, com seu estilo “a la” Roger Glover, acrescentou mais peso ao som da banda. E, chegando apenas dois ensaios antes da banda retornar ao palco, o guitarrista Fred Santos, ex-Barbarella, aditivou o combustível do Mustang 65 com solos mais agressivos. A volta aconteceu no início de junho, na Festa de São José em Piratininga, com direito a coisas novas no repertório. Ficou curioso e quer ouvir o Mustang? Passe belo
blog da banda – tem músicas para download gratuito.
LISTAS
Quem leu o livro “Alta Fidelidade”, de Nick Hornby, sabe que quem gosta de música, geralmente, tem mania por listas – é quase um transtorno obsessivo-compulsivo. As dez melhores isso, as 100 melhores aquilo, chega ao cúmulo de elegerem os melhores figurinos, etc. O livro de Hornby fala de um dono de uma decadente loja de discos abordando sua também decadente vida amorosa através de listas de músicas e listas de mulheres. O filme baseado no livro também é ótimo, com John Cusac e Jack Black, é uma daquelas pérolas pouco valorizadas do cinema. Mas esse papo todo aqui é apenas um motivo para falar que estamos no mês do rock e provocar: qual é a sua lista dos 10 maiores rocks de todos os tempos? Pois é, a minha vai ficar para depois, mas vou deixar aqui a lista do jornalista João Carlos Santana, da CBN, que nessa semana me fez ouvir aos berros a “rádio que toca a notícia” com um monte de rifs de guitarra. A lista do quadro “Sala de Música” – que na verdade tem 15 músicas - está disponível no
blog do J. C. Santana, mas gerou polêmica por não ter, por exemplo, alguma música do Elvis, do Pink Floyd, Bob Dylan, do Nirvana, dos Sex Pistols, do Kiss, do Rush, e até mesmo de bandas brasileiras. O fato é que o jornalista escolheu vários clássicos, geralmente mais pesados. Passa lá no blog do cara, que tem também os links para vídeos da músicas escolhidas no Youtube. Em tempo: a coluna “Sala de Música” vai ao ar de segunda a sexta, por volta das 16:10h, na CBN, e no sábado, às 21:30h.
Aviso aos leitores: BALAIO GERAL atrasou dois dias por falta de energia nos transmissores do colunista. Muito trabalho e gripe dá nisso. Pedimos desculpas. Continue prestigiando
www.williammendonca.com.
NOTA EXTRA: 14 BIS
Pouco depois da publicação da coluna BALAIO GERAL, chegou a notícia do acidente ocorrido com o ônibus da banda 14 Bis – que tirou a vida de um técnico do grupo e deixou 14 feridos. O ônibus que transportava o grupo e seu staff trafegava pela BR 381, que liga Minas ao Espírito Santo, quando saiu da estrada, à altura do Km 481, caindo em um barranco. O acidente aconteceu próximo à cidade de Roças Novas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. O 14 Bis, banda mineira que teve origem no progressivo O Terço, mas sempre navegou pelo pop e a mpb, firmou Flávio Venturini como um nome importante da música no país e se mantém na estrada há mais de 30 anos. Como no Brasil – país de dimensões continentais com estradas mal sinalizadas e mal conservadas – viajar é sempre um risco, resta esperar que a banda se recupere do trauma e siga em sua já longa carreira. Afinal, como diz a música, “todo artista tem de ir aonde o povo está”. (17/07/2011 - 14:39h)