William Mendonça
POESIA, PROSA, MÚSICA E TEATRO
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Meu Diário
27/10/2009 00h50
INFORME CULTURAL 26/10/2009
MUSTANG 65
Tive o prazer de assistir a um show da banda Mustang 65 (foto acima), com seu repertório de rock dos anos 60 e 70 (e até uma pitada dos 80), que traz algumas canções bem raras de encontrar nos shows por aí – como “Aqualung”, do Jethro Tull, e “Black Knight”, do Deep Purple. Foi no Dragon Jack Rock Club, em Itaipu, Niterói, no dia 24. Formado por Caio Mattos (guitarra, violões, gaita e vocal), Luciano Barbosa (guitarra e vocal), Luiz Cláudio (baixo e vocal), Ricardo Mann (teclados) e Ayrton Júnior (bateria), o Mustang 65 toca também composições próprias, numa levada de rock e blues, e tem tocado bastante no circuito de shows do Rio, Niterói e em diversos motoclubes do Estado. Outro ponto alto é o clima descontraído, como uma reunião de amigos que resolvem tocar o que gostam. No set list do show, outras pérolas como “Proud Mary”, “Sultans of swing”, “Carry on my wayward son”, “While my guitar gently weeps” e “Layla”.
Nota: na coluna que saiu no jornal não fiz menção ao convidado de luxo que a banda teve no show do Dragon Jack - o guitarrista Christian Zanzibah, que tocou todo o primeiro set de músicas. Deu pra ver que é uma alma rock`n`roll e um guitarrista que toca com técnica e sentimento. Como o jornalista aqui foi ao show para se divertir, não anotou o nome do guitarrista, a informação ficou faltando na matéria. Falha nossa!

AFROREGGAE
O AfroReggae talvez seja, ao lado do Grupo Nós no Morro, a iniciativa sócio-cultural mais bem sucedida do Rio. A cultura ali é utilizada como meio de transformação social – oferece ao jovem das comunidades carentes uma forma de se expressar e, ao mesmo tempo, o aprendizado de uma profissão. Por tudo isso, causa indignação o assassinato do coordenador de projetos do AfroReggae, Evandro João Silva, em um assalto. Mais ainda – dois policiais militares, um deles capitão, com a vítima ainda agonizando na calçadas, liberaram os marginais e ficaram com o produto do roubo, um par de tênis e uma jaqueta. Por sorte, foram flagrados por câmeras de vigilância e, esperamos, serão punidos. Como vale pouco a vida humana no Rio de Janeiro hoje em dia!

LULA NO CINEMA
Estréia no Festival de Cinema de Brasília, fora da mostra competitiva, o filme sobre a vida de Luis Inácio Lula da Silva – a mais cara produção do cinema brasileiro de todos os tempos, na casa dos 16 milhões de reais. Dirigido por Fábio Barreto – o mesmo de “O Quatrilho”, que já concorreu ao Oscar – “Lula, o Filho do Brasil” conta a trajetória do retirante, ex-torneiro mecânico e líder sindical que se tornou presidente. No entanto, mesmo com a garantia dos produtores de que o filme não levou dinheiro público, fica a sensação de que foi feito numa hora inoportuna. Seria melhor aguardar o fim do mandato de Lula para filmas, ou pelo menos para lançar, a sua biografia, pois haveria menos uso político do cinema.

DIA DO SAMBA
No dia 2 de dezembro, Itaboraí vai realizar um evento para comemorar o Dia Nacional do Samba. A Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres vai receber uma exposição, com a memória do samba na cidade. Vão ser exibidos dois documentários e haverá a premiação a quem contribuiu para o engrandecimento do samba na cidade. No palco, que será montado em frente à Casa de Cultura, vão se apresentar a Banda Municipal, oito casais da Escola de Mestre Sala e Porta Bandeira do Estado do Rio e a sambista Ircéa Pagodinho, irmã de Zeca Pagodinho. Ela é considerada uma das grande vozes da sua geração e recebeu o Prêmio Sharp de revelação em 1988 por seu 1º disco “Feito Diadema”.

ITABORAIENSES NA UERJ
Não estou falando dos vivos – os estudantes ou até professores da Uerj que nasceram ou moram em Itaboraí. Falo dos itaboraienses ilustres do passado que, segundo fonte segura, têm lugar de destaque na Biblioteca da Uerj de São Gonçalo. Joaquim Manoel de Macedo e Alberto Torres. Do escritor de “A Moreninha”, além de sua obra literária, é possível encontrar por lá até a tese de formatura em Medicina, que tratava da cura da melancolia, com seu estilo literário inconfundível. Já Alberto Torres é o assunto de vários livros – biografias, teses, resenhas sobre sua obra, alguns classificados como obras apenas para consulta no local, por sua raridade.

INSTANTÂNEOS
Estou participando da produção do livro “Instantâneos do passado”, que a Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres está realizando. Será, realmente, um trabalho de alta qualidade. Primeiro, pelo acervo fotográfico produzido por Marlus Suhet, Ronaldo Soares e Márcio Soares em 1992, mostrando o estado do patrimônio histórico e artístico da cidade à época. Segundo, pelo trabalho caprichado da designer Fernanda Villa-Lobos, e pela produção de Sérgio Espírito Santo. Terceiro, pelas histórias super-interessantes sobre depoimentos dos três fotógrafos. Deve ser lançado em 10 de novembro, nas comemorações da semana da cultura.

COMCULTURA
É importante para Itaboraí sediar a II Conferência Intermunicipal de Cultura, neste mês, com a presença de gestores culturais de algumas das principais cidades do Rio. O evento, no dia 26 no Teatro Municipal João Caetano, prova mais uma vez que Itaboraí entrou no mapa cultural do Rio – e precisa aproveitar o bom momento. Preservar o patrimônio, apoiar a chamada cultura imaterial, as manifestações folclóricas, e, claro, fazer um verdadeiro trabalho de formação de artistas, aproveitando os talentos da cidade – da música à arte circense, das artes plásticas ao teatro. É um ponto que a administração municipal e até mesmo os deputados ligados à cidade devem prestar atenção, sob pena de perderem o bonde da História – que só passa uma vez.

EU E A LOCADORA
Quem já acompanha esta coluna sabe que os filmes sempre estão presentes por aqui. Se não posso dizer que sou um cinéfilo (até porque Tanguá e Itaboraí não têm cinemas), sou certamente um dvdófilo – um rato de locadora. . Pois, naquela base de unir o útil ao agradável, devo inaugurar em novembro, ao lado da minha família, nossa locadora de vídeo, que será também lan-house e lanchonete. Vai ficar na Rua das Acácias, no bairro de Duques, e tem pretensões de se transformar num centro cultural. São sonhos que viram realidade e, por isso, ficam ainda melhores.

(Coluna publicada no jornal REAÇÃO, de Itaboraí-RJ, edição da 2ª quinzena de outubro de 2009)
 
Publicado por William Mendonça
em 27/10/2009 às 00h50