William Mendonça
POESIA, PROSA, MÚSICA E TEATRO
Capa Meu Diário Textos Áudios E-books Fotos Perfil Prêmios Livro de Visitas Contato Links
Meu Diário
30/07/2009 23h59
INFORME CULTURAL 30/07/2009
NAS PÁGINAS DO REAÇÃO
Com a volta do jornal REAÇÃO, do meu amigo Mário Pitanga, a coluna INFORME CULTURAL, que já visitou as páginas de O ALERTA, aparece também por aqui. No mesmo estilo, falando sobre cultura, comportamento e outras reflexões nem tão profundas sobre os temas da atualidade. Você, leitor, pode encontrá-la também no site www.williammendonca.com.
 
A SLOW MUSIC DE JOYCE
A cantora e compositora Joyce chegou aos 60 anos em 2008 e, diferente de outros grandes artistas brasileiros, não recebeu as merecidas homenagens. Claramente, também na MPB há uma certa diferenciação entre homens e mulheres. Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento entraram nos sessenta anos com grandes shows, discos comemorativos e homenagens por todo lado. Joyce, como outras cantoras de sua geração (Gal Costa, Rita Lee, etc), não foi incensada no altar dos grandes talentos. Tudo bem – Joyce continua sendo uma das mais interessantes cantoras brasileiras e uma compositora que marcou um estilo próprio em toda a sua carreira, fazendo sucesso no exterior. Agora, em 2009, Joyce passa a assinar Joyce Moreno e lança um disco de primeira linha, pela gravadora Biscoito Fino. Chamado “Slow Music” (foto), o disco parte do conceito do menos é mais. As pausas e silêncios têm importância em cada música. No repertório, coisas novas, como a faixa título (parceria com Robin Meloy Goldsby) e clássicos como “But beautiful” (de Burke e Van Heusen), que já foi gravada por Sinatra. É um trabalho de uma artista na plenitude da carreira, que talvez não queira homenagens – apenas continuar no seu caminho original, por muito tempo ainda.
 
GRANDE CORA
Se alguém conseguiu lavar minha alma no assunto do fim da exigência do diploma para jornalistas foi a colunista de O Globo, Cora Rónai. Enquanto o próprio O Globo ficou meio em cima do muro e alguns cursos e entidades organizaram estranhas manifestações contra a decisão do Supremo, Cora não poupou palavras e nem deixou dúvidas sobre sua posição em sua coluna de 25 de junho. “A única coisa que o diploma de jornalismo garantiu, até aqui, foi uma reserva de mercado injusta e pouco democrática”, disse a colunista. “Tenho visto muita gente lamentando o tempo que perdeu na faculdade para conseguir o diploma, mas qualquer curso que alguém lamenta ter feito, não precisava, nem merecia, ter sido feito”, completa. Assino embaixo.
 
MAIS UM SE VAI
Não faz muito tempo que tive a triste tarefa de escrever aqui, nesta coluna, sobre a morte violenta de um jornalista e poeta, que dirigia um jornal alternativo. No caso, falava de Alfredo Chlamtac, um dos meus inspiradores. Hoje, vejo quase um filme se repetir ao falar do assassinato de Rafael Pimenta Francisco, produtor cultural, jornalista e poeta niteroiense, de 54 anos, que ocorreu no dia 17 em uma movimentada rua de Niterói. Rafael me deu as duas primeiras oportunidades de ver minha poesia no palco, no já longínquo 1987. Era o tempo áureo das perfomances e o Quinteto Fora de Si, da professora Deila Perez, participou co 1º Ciclo Poesia de Boca, promovido por Rafael. Lá estavam alguns de meus poemas. Meses depois, participei com os poetas Marcello Pires Alves e Margarida Moutinho de outro evento promovido por ele, o Viva Poesia!. Portanto, tenho profundo respeito e admiração por esse cara que sempre abriu espaço para novos talentos. Ele atualmente dirigia o jornal Enseada e continuava produzindo cultura, mas eu há muito tempo não o via. Nem por isso, foi menor o choque de saber que ele foi morto covardemente, não se sabe bem o porquê – não que qualquer porquê justifique tal ato. Enquanto os bons morrem, fico me perguntando se algo ainda poderá salvar a humanidade.
 
MICHAEL JACKSON
É claro que tudo já foi dito sobre a morte de Michael Jackson, o maior ícone pop dos anos 80 que, infelizmente, só ganhava mídia nos últimos anos por situações bizarras. Mas gostaria de abordar dois pontos interessantes. Vi muitas crianças, na faixa dos 8 ou dez anos, falar sobre Jackson e ouvir suas músicas – gente que nunca teria ouvido “Billy Jean” ou “Beat it” de outra forma. É algo que aconteceu comigo em 1977, quando morreu Elvis Presley, o então decadente rei do rock. Aliás, há algumas semelhanças entre os dois como fenômenos pop, fora o fato de Michael ter sido casado com a filha de Elvis. Outro ponto foi a questão da dança de Michael Jackson. Quem ainda não viu, não pode deixar de assistir, nem que seja por curiosidade, ao filme “O pequeno príncipe”, adaptação da obra de Antoine de Saint-Exupéry produzida em 1974. Lá você vai encontrar o cara que inspirou, para dizer o mínimo, os principais passos de Jackson. O coreógrafo e bailarino Bob Fosse interpreta a serpente, que dança como Jackson e não por acaso usa uma roupa muito parecida com coisas que o rei do pop – só que com seis ou oito anos de antecedência. Bob Fosse foi coreógrafo de outros dois grandes sucessos do cinema, “Cabaret”, estrelado por Liza Minelli, e “All that jazz”.
 
TEATRO EM ATIVIDADE
Sob a gestão da Casa de Cultura Heloísa Alberto Torres, que tem à frente o produtor cultural Sérgio Espírito Santo, o Teatro Municipal João Caetano de Itaboraí está em plena atividade. O diretor do Teatro, Vinícius Cardoso, tem buscado incluir o teatro no circuito de peças do estado, mantendo o local aberto durante a semana para atendimento ao público, e sempre com espetáculos nos finais de semana. Foi assim com a passagem por lá do grande ator Bemvindo Siqueira, um dos papas da comédia brasileira, e, no último fim de semana, com a peça “A velha na janela”, da Cia. Baiana de Risos. Além disso, o Teatro será tema de dois filmes que, segundo Vinícius, vão contar a história do próprio teatro e do ator João Caetano, mito da arte dramática brasileira nascido em Itaboraí em 1808.
 
FÉRIAS DAS CONTINUAÇÕES
No cinema, as férias de inverno, além de frias, têm um certo sabor de repetição. Os filmes de maior apelo são, em sua maioria, continuações de sucessos anteriores. “Harry Potter e o enigma do príncipe”, por exemplo, é, assim como o livro do qual foi adaptado, um filme de passagem, preparando terreno para o final da saga do bruxo adolescente. Mais adulto e sombrio, o filme foi elogiado por fãs. Outro arrasa-quarteirão é “Trasformers: a Vingança dos derrotados”, que já está sendo exibido em menos salas, preparando sua saída das telonas.  As crianças também gostaram de “A era do gelo 3”, que tem uma certa cara de mais do mesmo mas teve boa recepção. Parece que o cinema americano está cada vez mais mergulhado na crise da falta de originalidade. 
 
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Este colunista gostaria de agradecer aos amigos Bruno Rocha, um dos principais músicos de Tanguá que também trabalha na diagramação e edi-toração de jornais, e Adriano, da @allcad Informática, a principal no ramo de filmagens e eventos em Tanguá, que vieram em meu auxílio no fechamento desta edição do jornal REAÇÃO - quando aconteceu nos meus computadores o que é quase inevitável para quem trabalha com informática, uma infestação por vírus. Saibam que é por gestos como esse, de ajuda desinteressada a um colega de profissão, que percebo que meus mais de vinte anos de carreira valeram a pena.
 
(Coluna publicada no jornal REAÇÃO, de Itaboraí, edição nº 5, 1ª quinzena de agosto de 2009)
 
NOTA BÔNUS
(Faltou espaço no jornal, por isso você só lê aqui no site)

CINEMA BRASILEIRO
Quem tem aquela idéia pré-concebida de que o cinema brasileiro é coisa de baixa qualidade tem mais uma oportunidade de ver que a realidade é bem diferente. O “Dicionário de filmes brasileiros”, de Antonio Leão da Silva Neto, recebeu nova edição neste ano, com a informação de dois mil títulos – inclusive alguns que ainda estão em fase de produção. Lançado originalmente em 2002, o dicionário é obra de um cinéfilo obstinado, que coleciona filmes de 16 mm e usa suas horas vagas para recolher todo tipo de informação sobre o cinema brasileiro. São 101 anos de história, incluindo clássicos como “Limite”, de Mário Peixoto, considerado um marco, e produções mais recentes de grande sucesso, como “Tropa de elite”. São 1.152 páginas – uma obra de referência para quem gosta de cinema no Brasil.
 
ALGUMAS EXPLICAÇÕES
A coluna INFORME CULTURAL teve longos anos de vida no jornal O ALERTA, foi aposentada para a criação da coluna BALAIO GERAL, que ainda publico aqui no site. Agora, com a volta do jornal REAÇÃO, dirigido pelo meu amigo e mestre Mário Pitanga, fui intimado a fazer uma coluna sobre cultura, o que me fez ressuscitar o INFORME CULTURAL. A coluna BALAIO GERAL voltará à imprensa escrita ainda no mês de agosto, desta vez pelas páginas do jornal O VERBO - que vou relançar, em Tanguá, depois de quase cinco anos de paralisação. Se você faz cultura, gosta de cultura, tem algo a falar sobre cultura, colabore com estas colunas. Basta deixar seu comentário com sugestões, críticas ou informações relevantes, para que faça parte de novas edições do INFORME CULTURAL e do BALAIO GERAL. 
Publicado por William Mendonça
em 30/07/2009 às 23h59