William Mendonça
POESIA, PROSA, MÚSICA E TEATRO
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Meu Diário
03/08/2008 10h00
BALAIO GERAL (03/08/2008)

LÉO E BIA
O menestrel Oswaldo Montenegro, conhecido por sucessos como “Bandolins”, “Agonia” e “Lua e Flor”, além de seus trabalhos no teatro, agora se aventura também no cinema. Um dos seus musicais, “Léo e Bia”, vai ser levado à telona pelo próprio Oswaldo, em sua primeira experiência como diretor. A música tema já um clássico da MPB, com quase trinta anos de vida, e o musical teve uma carreira de grande sucesso no teatro. A história de um amor “no centro de um planalto vazio”, como diz a canção, é uma crônica da Brasília em que Oswaldo viveu parte de sua vida. Vale conferir.

30 SECONDS TO MARS 
Um grupo de rock consciência do mundo em que vive, ao contrário do que possa parecer, não é algo absolutamente comum. Muitos letristas falam mais sobre suas experiências pessoais e sentimentais, relegando os problemas sociais à segundo plano. E mesmo o protesto, que é parte do estereótipo do rock, muitas vezes é vazio. A geração pós-anos 90, especialmente no Brasil, parece meio alienada. Lá fora, no entanto, os sopros de consciência continuam existindo. É o caso do 30 Seconds to Mars, grupo liderado pelo ator/cantor Jared Leto (de “Alexandre”), que fala sobre política, preconceito e, de uma forma muito inteligente, sobre ecologia. “A Beautiful Lie” é uma canção rock que une qualidade musical e letra contundente. O disco, de mesmo nome, também surpreende pela qualidade. Depois do ótimo “American Idiot” do Green Day, e do “Meteora” do Linkin Park, é um dos melhores discos de rock dos anos 2000.

SHEILA SÁ
A cantora Sheila Sá está fazendo ótimas apresentações em Tanguá e Rio Bonito. Já esteve em duas vezes na Pizzaria Bonna Massa, o primeiro espaço para shows de MPB e rock acústico em Tanguá, em já esteve na cidade em outras ocasiões sempre levando bom público. Depois, no 9º Encontro Nacional de Motociclistas de Rio Bonito, encerrando o evento no dia 3 de agosto, com seu repertório que traz releituras de sucessos e clássicos do rock e boa música em geral, sempre com interpretações muito marcantes. Já tem uma carreira de sucesso, com apresentações em várias cidades do Estado do Rio, e até em locais bem distantes, como o seu estado natal Amapá. Talvez por ser também advogada, Sheila Sá canta direito (o trocadilho é ruim, mas é a pura verdade). É a voz de maior destaque na música na região e merece vôos mais altos.

RICARDO MANN
Aproveito esta coluna para indicar o trabalho de um compositor que conheço há quase 30 anos – Ricardo Mann. Niteroiense, Ricardo é tecladista desde 1986 e já participou de várias bandas do Rio e Niterói – A Trama, Mosaic (grupo chegou a se apresentar em Tanguá, e contava com o ótimo baterista Cristiano Buriche), bandas de apoio das cantoras Zana Rubim e Ludmilla, entre outras. Há alguns anos, Ricardo decidiu se dedicar principalmente à carreira de compositor, preparando um repertório de alto nível que mescla MPB, com influências da música regional, e rock, em um trabalho altamente original. Suas principais influências são Guinga, João Bosco, Mário Adnet, Joyce, Milton Nascimento e muitos outros compositores brasileiros, mas o tecladista também é ligado no rock progressivo e experimental. Uma amostra do seu trabalho pode ser vista, e baixada gratuitamente, no site www.ricardomann.mus.br. Lá você também encontra algumas das parcerias de Ricardo Mann com este colunista.

ELEIÇÕES
Em período de eleições municipais, vale fazer o lembrete: se você está lendo esta coluna até aqui, é porque se interessa por cultura – então, na hora de votar, por favor, informe-se sobre as propostas dos seus candidatos a prefeito e vereador para a cultura. As cidades da região, Itaboraí, Tanguá e Rio Bonito, são carentes de opções de lazer e cultura, o acesso à informação cultural também é restrito. Absurdo maior ainda é que uma cidade como Itaboraí, com 300 mil habitantes e em franco crescimento, não tenha sequer um cinema. Em Tanguá, as ações ficam de certa forma restritas à Estação da Cultura (que já foi um grande avanço), mas está longe do ideal. Há muito por fazer, e isso ficará certamente mais fácil com prefeito e vereadores que tenham o compromisso real de difundir a cultura.

TROVADOR
Foi lançado em julho um CD com gravações originais, e antigas, de Renato Russo – o líder da Legião Urbana – na fase entre a extinção do Aborto Elétrico, lendário grupo de Brasília, e o início de sua banda mais famosa. “Trovador Solitário” reúne gravações de uma fita cassete de 1982, em que Renato canta sozinho, ao violão. O repertório traz os únicos registros de “Anúncio de Refrigerante” e “Veraneio Vascaína”, na voz de Renato, e a versão original de “Eduardo e Mônica”, que tinha mais estrofes e contava outras peripécias do casal que foi imortalizado no segundo disco da Legião. É um documento importante, pois conta a lenda que nesta fase Renato começou a construir o ídolo que viria a se tornar.

ARTESANATO
Considerado por muita gente como uma espécie de “primo pobre” das artes plásticas, o artesanato virou moda – bijouterias, bricolagem, decupagem, caixas, bonecos de panos, etc, estão chegando também às galerias e as feiras de artesanato crescem pelo país. Itaboraí e Tanguá, que têm tradição no artesanato em cerâmica, abrigam um povo de talento que, certamente, poderia receber mais incentivo para desenvolver essa atividade. O artesanato pode se tornar uma importante fonte de renda para famílias, e até chegar a ter um peso grande na economia de uma cidade (como acontece em locais do Nordeste, por exemplo). Além disso, é uma opção interessante para quem está fora do mercado de trabalho e tem talento. Quem procurar, encontrará cursos de qualidade. É uma atividade artística com grande potencial econômico e de inclusão social, que merece maior atenção e apoio por parte das autoridades.

TURISMO NA BAÍA
Esta coluna dificilmente recomenda roteiros turísticos, já que o colunista é uma espécie de eremita e dificilmente viaja. Mas vai aqui a dica de um ótimo passeio: o roteiro turístico pela Baía de Guanabara, oferecido pela Barcas S.A.. Por um preço razoável (R$ 12,00) você pode desfrutar de um passeio de barca de duas horas e meia visitando os principais pontos turísticos da Baía, vendo paisagens de cartão postal. A guia Vanderly, uma das idealizadoras do projeto que já tem sete anos, apresenta informações históricas e curiosidades sobre os locais visitados. A barca sai de Niterói, às 9:30 h dos domingos, e depois de pegar passageiros no Rio de Janeiro, começa a viagem turística – Enseada de Botafogo, Urca, Pão de Açúcar, fortalezas do Rio e de Niterói, passando pela entrada da Baía de Guanabara, orla de Niterói, vão central da Ponte Rio-Niterói, e muito mais. O clima da viagem é festivo e o programa é ótimo para toda a família.

(Coluna publicada no jornal O ALERTA, de Itaboraí.)

Publicado por William Mendonça
em 03/08/2008 às 10h00
 
22/05/2008 00h00
BALAIO GERAL (22/05/2008)


VOZ E VIOLÃO
Em Tanguá, é praticamente algo inédito. Pelo menos na última década, não me lembro de um espaço na cidade que apresentasse shows de MPB e pop em voz e violão.Pois é exatamente isto que está fazendo a nova pizzaria Bonna Massa, no Centro de Tanguá, desde a sua inauguração, em março. Por enquanto, os shows estão acontecendo uma vez por mês, mas a julgar pela boa presença de público, é possível que isso se torne mais freqüente. Sucesso aos empresários e artistas, é o que esta coluna deseja.

CULINÁRIA NA TV
Quem conta apenas com a TV aberta, acaba tendo que se virar com Ana Maria Braga mesmo, com suas receitas em meio a piadas com o Louro José. Mas na TV porassinatura há uma variedade de chefs e cardápios de fazer inveja e abrir o apetite. Como costumo dizer, programas de culinária na TV quase nunca levam alguém até a cozinha para fazer aquela receita, mas dão a estranha sensação de que fizemos parte da mesa com alguém interessante. Para quem gosta do exótico, o cara certo é Anthony Bourdain, com seus programas no Discovery Travel & Living. A comida “sem frescura” fica por conta de Jamie Oliver, a comida rápida e cheia de calorias com Nigela Lawson, os dois no GNT. Menção honrosa para Claude Troisgros e Renato Machado, com seu “Menu Confiança”, também no GNT – comida de bom gosto e o melhor dos vinhos do mundo. Pena que TV não tem sabor nem cheiro.

INDIANA JONES
Dia 22 chega por aqui o 4º episódio do personagem que elevou a arqueologia à condição pop, Indiana Jones. O filme reúne mais uma vez o diretor e produtor Steven Speilberg, o produtor e diretor George Lucas, e o astro Harrison Ford, que merece o prêmio de perseverança por ter insistido durante anos para que Indiana tivesse uma nova seqüência. A estréia no Festival de Cannes, recentemente, foi cercada por grande estardalhaço. “Indiana Jones e o reino da caveira de cristal” tem um enredo mirabolante, que leva o astro ao Peru, na época da Guerra Fria, e não tem vergonha de repetir a fórmula: seqüências de ação de tirar o fôlego, humor às vezes non-sense, e ótimos efeitos especiais. Vergonha pra quê: era isso mesmo que todo mundo estava querendo.

LIVRO DAS VIDAS
Alguma coisa já se falou sobre “O Livro das Vidas” na imprensa brasileira, mas vale ressaltar que este é um dos mais interessantes livros recém-lançados. Reunindo alguns dos melhores obituários – sim, as famosas notícias sobre falecimentos – do New York Times, o livro é um grande achado. Primeiro, por contar o histórico desse gênero jornalístico, que aqui no Brasil ainda não tem grande destaque, mas que nos EUA e Europa tem leitores fiéis e alguns dos melhores jornalistas. Segundo, porque foge do óbvio – nada de obituário de Mahatma Gandhi, Elvis Presley ou Martin Luther King. Esses a gente acha na Wikipédia. Lá estão os quase famosos ou quase anônimos, gente que entrou na história pela porta lateral. Lá estão os “amigos dos famosos”, os “desastrados históricos” e até quem fracassou fazendo sucesso, como o criador do Super-Homem que vendeu seus direitos por, pasmem, 130 dólares. O que pode parecer mórbido, foge muito disso. Ao invés de chorar a morte das pessoas, os obituários do NYT celebrar a vida, destacando aquele ponto em que essas pessoas aparentemente comuns se tornaram especiais.

1968 NÃO TERMINA
Você pensa que só os 200 anos da chegada da Família Real estão mexendo com a cena cultural brasileira neste ano? Pois outra data parece ser queridinha da imprensa, das editoras e TVs – 1968, que Zuenir Ventura, em seu livro, chama de “o ano que não terminou”, e que sempre retorna à mídia. Ano em que a chamada contra-cultura atingiu seu auge, com festivais de música, aqui e lá fora, com o auge da tropicália de Caetano e Gil, ano dos movimentos populares ao redor do mundo, em especial a revolta estudantil em Paris, a morte de figuras lapidares, como Martin Luther King, os protestos contra a ditadura militar no Brasil e o surgimento do AI 5 – tudo isso e muito mais, parece transformar aquele ano em algo lendário. Como tudo que é demais, ouvir tanto sobre 68 enjoa, mesmo para este colunista que nasceu naqueles dias. Mas é um ano que valeu como rito de passagem, para uma juventude que ainda acreditava ser possível mudar o mundo – na alienação lisérgica dos hippies ou na politização guerrilheira dos líderes estudantis.

BANCO DE TALENTOS
Chegou a hora da auto-propaganda. Pois é, leitor, o colunista aproveita o espaço para dizer que já está circulando por aí o livro que reúne os vencedores do concurso “Banco de Talentos 2007”, promovido pela Federação Brasileira dos Bancos. A iniciativa visa revelar talentos artísticos entre os bancários de todo o país, em diversas categorias. Para alegria deste que vos fala, um poema de William Mendonça está lá. Isso representa a estréia do poeta William Mendonça em livro, apesar de já ter publicado textos em jornais, revistas e na Internet, em vários blogs e atualmente no site www.williammendonca.com. Pra quem não sabe, este colunista, nas horas vagas, é um bancário da agência do Banco do Brasil, em Tanguá – ou seria o contrário?

DIVERSÃO E ARTE EM TANGUÁ
No próximo dia 1º acontece mais uma edição do projeto "Diversão e Arte", da Prefeitura de Tanguá. O evento será realizado em frente à Estação da Cultura, que aliás foi uma grande aquisição para o município, por seu valor histórico e por ter se transformado em um espaço inteiramente dedicado à cultura. Vão acontecer apresentações de teatro, capoeira, dança, hip hop, além de um show ao vivo e de atividade de recreação.

STAR TREK: A VOLTA
Os fãs de Star Trek – a popular Jornada nas Estrelas – ficaram fulos com o fim da exibição das séries no Universal Channel. Enquanto as séries policiais, tipo Law & Order, e até médicas, com o impagável House, repetem episódios de temporadas longínquas, as séries espaciais, com perdão do mau trocadilho, perderam espaço. Menos mal que o Sci-Fi Channel continua exibindo a chamada “Nova Geração”, a segunda série da franquia, com as viagens da Enterprise sob o comando do capitão Jean-Luc Picard. Não é coisa nova, mas é legal. Melhor ainda é que, no fim deste ano, estréia o 11º filme para cinema, com uma volta às origens: a tripulação clássica, com o capitão Kirk, Spock e companhia, em um período anterior às aventura vividas na TV. A direção é de J. J. Abrahams (criador de Lost), e o elenco traz Chris Pine (de “Sorte no Amor”), como o Kirk, Zachary Quinto (o Sylar, da série “Heroes”) como Spock, e nomes como Winona Ryder. Até o velho Spock, o ator Leonard Nimoy, vai participar da trama. Vale a pena aguardar.

(Coluna publicada na edição de maio do jornal O ALERTA)

Publicado por William Mendonça
em 22/05/2008 às 00h00
 
18/05/2008 00h00
ENFIM, O LIVRO

Quem acompanha este site há algum tempo sabe que, no final do ano passado, fui classificado no concurso cultura Banco de Talentos, promovido pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). A iniciativa oferece aos bancários de todo país, que desenvolvam alguma atividade artística, a oportunidade de divulgarem seus trabalhos, participando de coletivas, shows e livros, de acordo com a manifestação artística que desenvolvam.
Fui classificado na categoria Poesia, com o meu soneto “EU E VOCÊ NO QUADRO”, uma composição com toques surrealistas (que publico hoje no site e também está disponível para download no e-book "Alguns sonetos que fiz por aí ..."). Desde lá, vivo a ansiedade de ver o livro, resultado final do concurso.
Nesta semana, recebi os exemplares de autor em pleno trabalho, no BB, e vivi uma espiral de emoções. Escrevo poesia há 23 anos, já publiquei textos em jornais e revistas, fiz recitais e apresentações em praças e centros culturais, mas nunca havia participado de um livro. Por uma feliz coincidência, sou o último nome do livro – a Poesia ficou por último e eu, como nas chamadas do colégio, fiquei lá no fim graças ao W de William.
Posso dizer que não sou mais um autor inédito em livro, o que é importante para os passos que vêm a seguir: a publicação de um livro próprio, o aumento da atividade no site, o contato com editores, etc. Quero dividir essa alegria com os visitantes do site, os amigos que tanto me incentivaram.
Valeu pela força!

Publicado por William Mendonça
em 18/05/2008 às 00h00
 
28/04/2008 21h00
Textos no www.omelhordaweb.com.br

Fiquei muito feliz com o convite que recebi do mestre Cláudio Joaquim, o famoso Tio Cláudio - um verdadeiro craque em informática - para participar do site www.omelhordaweb.com.br. É um site onde você pode encontrar quase de tudo, links para os melhores sites, e, é claro, boa poesia.
Já passei por lá e deixei alguns textos, para começar o trabalho, mas prometo comparecer mais nos próximos dias. Já dizia Milton Nascimento, "todo artista tem que ir aonde o povo está". Nada mais certo do que isso.
Aproveitei para deixar um link aqui no site, para quem quiser conhecer "O melhor da web". Passe lá e se divirta. Se tem a assinatura de Cláudio Joaquim, eu confio, endosso e recomendo.

Publicado por William Mendonça
em 28/04/2008 às 21h00
 
18/03/2008 20h00
DE LUTO


   Meu site ficou sem muito movimento neste ano, e foi uma atitude proposital. Em pouco mais de um ano de atividade, publiquei muita coisa - um bom panorama de tudo o que escrevi ao longo de mais de 20 anos, assim como a produção musical mais recente, em parceria com Ricardo Mann. Ao invés de acrescentar mais textos e músicas, principalmente nos últimos dois meses, deixei que eles ficassem expostos e fossem lidos por outras pessoas.
   Enquanto isso, me dediquei a preparar algumas mudanças que colocaria no ar no dia 21 de março, e quem me conhece sabe que isto não seria sem motivo - era o início do novo ano astrológico, e eu levo essas coisas em consideração. Passei dois meses planejando, escrevendo e buscando programas para me auxiliar na tarefa. No dia 15, já estava com tudo arrumado, pronto para implantar as mudanças.
   No entanto, no dia 18, que é sempre um dia feliz aqui em casa, pois é o aniversário da minha esposa, recebo a notícia da morte do pai de meu parceiro Ricardo, o grande Peter Mann, uma figura surpreendente. O mundo virou de cabeça pro ar e a felicidade sumiu num telefonema. Pelo que pude perceber, especialmente no último ano, quando tive mais contato com ele, Peter Mann era um homem divertido e que, já pra lá dos 60, conseguia ter um ar infantil em relação a vida, fazendo descobertas, reunindo tudo em sua "cultura útil e inútil", dividindo seu gosto musical com os outros.
   Era o tipo de pessoa capaz de passar no meu trabalho - que fica a 60 quilômetros de distância de onde ele morava - apenas pra me dar um abraço, em um dia comum. Surpreendia. Dava flores, roubadas nos jardins do caminho, às mulheres. Coisa antiga, mas surpreendente, nos dias de hoje. Ele fazia os dias ficarem incomuns.
   Tenho com ele uma grande dívida, pois era o pai do meu melhor amigo, pai também de André, um cara muito legal de quem gosto muito, e de Isadora, amiga de minha filha Débora. Ultimamente, de pai de meu amigo ele virou, também, meu amigo - afinal, quando a gente fica adulto, as diferenças de 20 ou 30 anos não parecem tão grandes.
   Adiei minhas “mudanças imperdíveis” para outro dia, não sei bem quando – as coisas perderam o sentido – e estou de luto. Mas tenho esperança, porque não consigo perder a crença em uma outra vida. Não conseguiria ver justiça na existência humana quando um homem absolutamente bom como Peter Mann morre de maneira tão sem sentido, como um atropelamento no meio da noite, e tanta gente nociva e venial, criminosos, políticos corruptos, mentirosos, hipócritas, continua por aí, viva e feliz, desfrutando de seus crimes e mentiras, se não acreditasse que a morte é uma passagem, se tivesse a certeza de que há algo bom reservado aos bons.
   Não vou dizer que acredito no céu dos anjos, nem no paraíso de Dante (sim, não havia só inferno na Divina Comédia), mas acredito na sobrevivência do espírito e na reencarnação, que para mim são partes fundamentais na evolução humana de sua condição tão transitória e efêmera. Já perdi a ilusão de fazer com que as outras pessoas acreditem nisso, porque para essa dor não há consolo. Perder o pai, ou a mãe, ou um filho, eu sei, não tem consolo – acho que só me sobra a emoção solidária de sofrer com meu amigo, se é que isso serve a alguma coisa.
   Penso nas vezes em que podia ter feito por Peter Mann um pouco do que ele fez por mim – quem sabe, uma visita surpresa em sua casa, um sorriso, um telefonema – e me entristeço vendo o quanto a gente adia as coisas realmente importantes da vida, na ilusão de que o tempo “vai dar” pra fazer tudo.
   Não deu pra dizer adeus ...

Publicado por William Mendonça
em 18/03/2008 às 20h00
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